Temática negra: Babu Santana diz que assunto está na moda, mas racismo ainda é estrutural

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Temática negra: Babu Santana diz que assunto está na moda, mas racismo ainda é estrutural

Com currículo extenso, o ator e cantor abriu canal no YouTube para pautar temáticas da cultura negra

Nosso Babu Santana conversou com o F5, portal de entretenimento da Folha de São Paulo e abordou sobre a trajetória da sua carreira pós BBB, racismo estrutural no Brasil, covid-19, projetos que tem desenvolvido e seus futuros trabalhos. Confira a matéria:

Alexandre da Silva Santana, mais conhecido como Babu Santana, 41, foi redescoberto pelos brasileiros a partir de sua participação no Big Brother Brasil 20 (Globo). O pai de três filhas —Laura, Carlos e Pinah— e intérprete de Tim Maia já havia feito mais de 20 filmes e uma dezena de novelas antes do reality. A exposição no programa, no entanto, abriu novos caminhos e deu a ele a chance de ampliar a sua voz e a de outros artistas negros que ele admira.

Babu saiu aclamado pelo público no BBB por seu ativismo racial no programa. Saído de lá, ele se deparou com um planeta em quarentena. “Fui identificar qual era o mundo que eu estava chegando. Eu fazia muita peça, teatro, filme, produções que pararam, mas me veio uma surpresa grande ao ver o número de seguidores que o programa me proporcionou”, afirma Santana.

Unido de seus amigos e da equipe da Bubu Filmes, fundada após sua participação no BBB, ele estudou os procedimentos da OMS (Organização Mundial da Saúde) e criou seus primeiros projetos. “Uma equipe passou a morar na minha casa, que foi transformada em estúdio”, diz. Projetos publicitários eram feitos junto a vídeos para o seu canal oficial no YouTube, com mais de cem mil seguidores.

Apresentações da banda Babu Santana e os Cabeças de Água-Viva estão entre os últimos destaques. Música ao vivo com entrevistas que exaltam a cultura negra e as mulheres, principalmente. Uma nova sessão musical foi com as artistas Bia Ferreira e Doralice, neste último domingo (17). “Fazer o número musical deu muito trabalho, com equipe reduzida, uma câmera só. Foi árduo, mas foi prazeroso”, afirma.

 

O programa de entrevistas ‘Fechado com o Paizão’ é outro projeto no canal. “Comecei com a Tereza Cristina. Ela falava que me devia uma e fui cobrar”, diz Santana, em tom de brincadeira. A partir daí, ele foi convidando mulheres talentosas que ele gostaria de divulgar. “São pessoas que eu amo, que eu acredito e quem tem uma luta muito importante, tem bandeiras a serem levantadas.”

“É importante que todas as opiniões sejam ouvidas, porque os pretos, principalmente as mulheres são muito carentes de espaço. Como eu consegui abrir um canal, sabia que ele teria de ser destinado a essa temática”, explica Santana.

Iniciativas como essa são apenas um grão de areia dentro de um universo ainda a ser explorado. Para ele, ver negros vencendo os principais realities show é apenas um passo de uma história longa que ainda começa a ser contada. A médica Thelma Assis, 35, venceu a edição que Babu participou.

“A humanidade tem uma dívida secular com os negros. Tudo isso que está acontecendo é bom, mas é pouco. Não pode virar manchete da moda. Está na moda falar sobre a gente, mas para romper esse racismo estrutural ainda falta muito”, avalia o artista, que aceita apenas críticas construtivas em seu canal, e deseja passar uma mensagem de “tolerância, paciência e amor”. “Essa é a nossa onda.”

Ainda sem nenhum convite formal para fazer alguma participação no próximo Big Brother Brasil, que estreia em 25 de janeiro, Babu se diz muito ansioso para assistir à atração. “Dá essa ideia lá! Quero muito participar“, brinca Santana, que acompanhará o reality, desta vez, do lado de fora. “Ainda não sei se vou ficar ligado ou decepcionado. E tudo está tão bem escondido, que eu também não sei de nada ainda. Meus amigos vivem cobrando, mas não faço ideia de quem estará lá”, afirma o artista.

 

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E em meio a esses projetos, Babu fez uma participação na novela “Salve-se Quem Puder” (Globo) que está toda gravada, mas ainda não tem data para voltar a ser exibida. A trama de Daniel Ortiz foi um dos folhetins que teve as gravações suspensas por causa da pandemia do coronavírus.

Na novela, Santana é um agente da polícia federal que vai ajudar as fugitivas Alexia (Deborah Secco), Luna (Juliana Paiva) e Kyra (Vitória Strada). “É um personagem muito divertido, mas eu fico com medo de falar porque já está tudo gravado. Nunca passara por essa experiência, de saber o final da história.”

Em meio a tantos projetos, Babu também recebeu o diagnóstico positivo para Covid em dezembro do ano passado. Ele ficou assintomático e acredita que não tenha passado para pessoas próximas. “Não faço ideia de como peguei, mas a única coisa que penso disso é que se eu peguei, foi trabalhando ou indo ao supermercado, ou seja, para fazer coisas de extrema necessidade”, afirma o ator, que defende o confinamento e espera a vacinação.

Babu descobriu a doença porque estava fazendo dois testes semanais por causa de sua rotina de trabalho. Ele diz que mesmo tendo “feito vestibular para ficar confinado”, viu que não é fácil enfrentar uma pandemia dessas proporções. Ele vive com dez pessoas em casa e se revezam para ir ao supermercado e tentar minimizar os impactos. Só uma pessoa, além dele, foi contaminada.

“É muito louco não ter teatro, não ter cinema, mas a gente precisa seguir a vida de alguma forma. A gente bota a melhor roupa para ir ao supermercado”, diz o ator, em tom de brincadeira. E, depois da vacina, Santana já tem seu sonho: “Dar beijos e abraços. Vou valorizar isso ainda mais depois de tomar a segunda dose da vacina. Quem sabe até lá, aglomerar vai deixar de ser pecado”, diz o artista.